terça-feira, abril 24, 2012

Luz e terra

Regresso à noite passada para te dizer que prossigo até ser dia.
A manhã seguinte é brilhante e nela há uma mão que me segura com uma força imensa nascida nas entranhas.
São as raízes profundas que me fixam à terra e me devolvem a vontade de abrir os olhos.
Assim agarrado, com o poder de um coração que bate incessante, percebo que nunca os devia ter fechado para viajar pelo sonho.
Viagem de sonho pode ser a que se faz quando o sol vai alto, se o caminho for preenchido de sorrisos e palavras mágicas.
O silêncio foi confortável enquanto tive medo de ser eu.
Foi nesse silêncio que fui tudo o que podia e não podia.
Pensei que no escuro ninguém daria por mim. Assim não foi: tive tudo.
Na luz, preso à terra, tenho mais.

quarta-feira, novembro 09, 2011

Coisa

Não vou mais dizer quem somos. Ou o que somos. Porque não sei.
Confunde-me a ideia de sermos alguma coisa. Somos com certeza essa coisa, mas se não sabemos o que é, fará sentido continuarmos a ser?
Pode ser que sim, mas a continuidade do teu silêncio vai retirando essência à indefinida coisa.
Mas ao perscrutar o vazio de palavras, percebo que deve fazer algum sentido, porque também eu, não concebo a ideia de sermos coisa alguma.

segunda-feira, outubro 10, 2011

Bom dia...

... é encarar o sol sem medo de ferir os olhos,
ouvir o chilreio dos pássaros que saltitam nos ramos das árvores
e pensar nos sorrisos que nos esperam ao abrir a janela do sonho.
... é abraçar a brisa fresca da manhã
e inspirar todos os cheiros do mundo em contemplação da vida
e das cores de um inesquecível quadro em movimento.
... é absorver o orvalho das folhas,
fazê-lo nosso sangue a pulsar nas veias
e devolvê-lo no brilho do olhar em admiração pelo que nos é oferecido:
mais um dia.
Mais um dia é apenas o que hoje é.

quinta-feira, setembro 22, 2011

Sem dúvida que...

... é uma grande música, uma grande letra e uma grande voz que nos embala num desenrolar de emoções fortes e profundas. A primeira vez que ouvi esta música foi no concerto de apresentação do album "Explode" que aconteceu no Tivoli. Fiquei absolutamente siderado com o desempenho da Sónia em palco e profundamente emocionado com a envolvente criada em torno da melodia. Podia mesmo estar ali até ao amanhecer...

Always Better if You Wait for the Sunrise
http://www.youtube.com/embed/APfiKfAf8Lo


Turn the TV on and things there are so fine
Summer's here and the weather is alright
I feel so light

A cup of coffee and I count the days go by
Had a listen to your voice again last night
Just seemed right

And I travelled from so far to see these sights
Left my life behind
I´m dancing with the stars
They seem so bright

Moonwalk
Don't talk

Breathe the gas again and thought I heard you laugh
Ran to nowhere for another thousand miles
Just take me home

Watched the window and I saw myself outside
Watched the screen to see what hides deep down inside
There'll still be me

Want to bring you here but space now is too tight
There's no room in here for two of the same kind
There'll still be me, still be me

I can't decide if things should go away
I can't decide now when, the sunrise
Sometimes

Want to tell you once again
Perhaps the stars are not so bright
I want to take you back in time
Want to hold you once again
I want to show you there´s no lies
I want to have you by my side

Would you mind if I lay you down at night?
Would you cry if I hold you one more time?
I want to go but I know there's something wrong

To die is something I cannot disclaim
Something I cannot explain
Tonight
Stay with me

Going on the same old song again
Stay with me
You're going on, the same old song again
Stay with me tonight
Stay with me tonight, until the sunrise

Moonwalk
Don't talk
Stop

quarta-feira, setembro 14, 2011

Outro dia

Perco-me mais um dia por um caminho inócuo.
Dirijo-me a um vácuo ausente de ideias.
Não há sons, nem imagens, nem cores,
nem movimento.
Sufoco.

terça-feira, setembro 13, 2011

Helena e Páris

Somos apenas o sonho de uma noite estrelada
e o espaço de um mar inteiro
que os deuses não querem secar.
Somos o pronuncio de um beijo,
a esperança anunciada
e o derradeiro segundo de um tempo ímpio
que persiste no seu passar.
Somos toda a vontade, na pele, espelhada,
a fútil negação de um desejo maior
e a impossibilidade no peito a pulsar.
Somos o sorriso contido,
o segredo na palavra guardada
e o profundo silêncio interior.
Somos tudo,
agora que não podemos ser mais nada.

segunda-feira, setembro 05, 2011

Manhã seguinte

Corpos despidos,
Purificados num altar de amor,
num espaço que é meu.
Num espaço quente,
que é meu, que é teu, que é nosso.
Um espaço presente.
Corpos despidos,
que se entregam a desejos antigos,
na imensidão de uma manhã em que os céus nos enviam a  chuva  para nos beijar a pele e despertar os sentidos.
Para nos inundar a alma de vontade ardente,
e nos devolver todos os minutos que a noite anterior deu como perdidos.
Todo o tempo de viver,
que o sono roubou e a noite anterior julgou esquecidos.
Somos tudo outra vez, nesta manhã seguinte, porque somos mais do que alguma vez julgámos ser.